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Saúde Mental

quebrando tabus

É salientar a sua importância, a seriedade e cuidado

Falar de saúde mental é quebrar tabus e mostrar sua importância.

Ter uma boa saúde mental vai além da qualidade de vida, é sobre pensarmos, raciocinarmos, nos relacionarmos, é sobre viver uma vida livre

Saúde mental é coisa séria!

Em 1946 a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade. Sendo assim, uma boa saúde mental, é mais do que a inexistência de transtornos mentais, é o equilíbrio da vida cotidiana em um bem-estar. Ainda de acordo com a OMS, o equilíbrio entre saúde mental e bem- estar está totalmente ligado à nossa capacidade coletiva e individual para pensar, raciocinar, relacionar-se uns com os outros e para nos emocionar. 

 

Mas vivemos em um mundo onde muitas pessoas não conseguem ter o equilíbrio entre a vida cotidiana e o seu bem-estar. Todos os dias, pessoas são bombardeadas pelo imediatismo, em que tudo tem que ser feito agora e para já, além de passar horas na frente do computador ou do celular, horas de sono são trocadas por preocupações, insônias, horas excessivas de estudo ou trabalho. Vivemos em um século de exaustão emocional, o século da ansiedade e depressão, em que pessoas do mundo todo são atingidas pelo mal dessa geração de alto número de preocupação com o futuro e que, por consequência, tende a ter o emocional abalado e sendo diagnosticada com transtornos e doenças mentais.

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O filósofo Byung-chul Han, em seu livro Sociedade do Cansaço, afirma que o século XXI é marcado pela produtividade e positividade em massa dos indivíduos, onde “eu consigo tudo”, “nós podemos fazer qualquer coisa” tem por consequência uma sociedade extremamente cansada. Produzindo um cansaço que incapacita a pessoa de fazer qualquer outra coisa. Além disso, Byung-chul aborda a definição de sociedade de multitarefas, onde as pessoas vão além da sua capacidade, produzindo ainda mais, e assim, vão criando doenças psicológicas, como por exemplo, a depressão, sendo o resultado de esgotamento psíquico e emocional. 

 

 

 

 

Não se assuste, são verídicos esses dados!

 

Saúde Mental
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De acordo com estudos realizados pela OMS em 2015, os Estados Unidos e o Brasil lideram o ranking de pessoas com depressão na América e ficam entre os cincos países do mundo com os maiores índices, sendo os EUA com 5,9% de depressivos, e o Brasil com 5,8%, 11,5 milhões de pessoas, sendo o maior número da América Latina. Ainda de acordo com esse estudo, 264 milhões de pessoas sofrem com transtornos de ansiedade, um aumento de 14,9% em relação a 2005. 18,6 milhões de pessoas sofriam de transtornos de ansiedade no Brasil, sendo 9,3% da população brasileira ansiosa. 

Gabriela Sarti aos 29 anos foi diagnosticada com Síndrome de Borderline, sendo a depressão como um efeitos colaterais, relata que “depressão é uma doença silenciosa, ela não dá nenhum aviso, a gente pensa que é estresse, dor de cabeça, mau humor. E quando não resta mais desculpas, nos entregamos a um desespero incomum.”

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Além da depressão e do transtorno de ansiedade, o número de suicídios vem aumentando a cada ano, sendo 1,4% de todas as causas de mortes no mundo inteiro. Para cada número de suicídio, há pelo menos outras 20 pessoas que atentaram contra a própria vida. O suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos.

 

Estudos realizados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) entre 2011 e 2016 mostram que ocorreram 1.173.418 casos de violências interpessoais ou autoprovocadas. Desse total, 176.226 (15,0%) foram relativos à prática de lesão autoprovocada, sendo 116.113 (65,9%) casos em mulheres e 60.098 (34,1%) casos em homens. Considerando-se somente a ocorrência de lesão autoprovocada, identificaram-se 48.204 (27,4%) casos de tentativa de suicídio, sendo 33.269 (69,0%) em mulheres e 14.931 (31,0%) em homens.

 

O caos se instalou com a pandemia

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Foto: Anna Shvets em Pexels

Em decorrência da pandemia da Covid-19, os números de depressão e ansiedade aumentaram mais ainda, com pessoas sendo obrigadas a ficarem em casa, por conta do isolamento social, o que trouxe um grande pavor para a sociedade. 

Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Rio Grande - RS (FURG), com 1.210 participantes, observou que 53,0% apresentaram sequelas psicológicas moderadas ou severas, incluindo sintomas depressivos (16,5%), ansiedade (28,8%) e estresse de moderado a grave (8,1%) em decorrência do coronavírus. Os maiores impactos foram verificados no sexo feminino, estudantes e pessoas com algum sintoma relacionado à Covid-19, bem como naqueles que julgavam sua saúde como ruim. 

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O Brasil lidera o ranking do mundo de país mais ansiosos. 41% da população brasileira tem sofrido de transtorno de ansiedade devido ao novo coronavírus, sendo assim, 4 em cada 10 brasileiros são ansiosos, de acordo estudos realizados pela revista Medicina S/A com 16 países. O estudo também mostra que as mulheres estão sendo mais afetadas que os homens. 

Em entrevista, o professor e psicólogo clínico Márcio Peixoto comentou que durante o período da pandemia, o que mais sentiu foi o aumento de carga horária como professor, em que tiveram períodos em que precisou trabalhar 60 horas por semana para conseguir concluir todas as demandas em decorrência do isolamento e das aulas remotas. Ao ser questionado se observou alguma mudança em seus alunos, relatou que depois de 8 meses desde que as aulas remotas começaram, observou muito cansaço por partes dos alunos e por ele também ser psicólogo, muitos alunos o procuraram para atendimento psicológico. Além disso, notou que muitos de seus alunos ficaram doentes psicologicamente. 

 

Uma pesquisa online realizada no período entre 22 de outubro de 2020 e 01 de novembro de 2020, com a população do Distrito Federal, mostra que entre as 78 pessoas que responderam a pesquisa, 50 afirmaram serem ansiosos e que este quadro piorou durante o período de isolamento, sendo 66,7%. Além disso, 35 afirmaram terem tido momentos de pânico com sintomas variados, sendo os mais comuns insônia (42,9%) e choro (20%). E 75,6%, isto é, 59 pessoas, afirmaram se sentir mais vulneráveis psicologicamente e emocionalmente por conta da pandemia. 

A psicóloga Alessandra Ferreira alega que muitas pessoas vão desenvolver algum tipo de ansiedade, compulsão e síndrome do pânico em virtude da pandemia, pois as pessoas estão mais irritadas, sem conseguir dormir, comendo demais ou de menos e estão com medo de adoecer. Um novo cenário de transtornos mentais pode surgir. Além disso, ela afirma que no atual momento, é mais que fundamental cuidar da nossa saúde mental, buscar algo novo, se reinventar.

O professor Márcio deu algumas dicas que podem amenizar o período em que estamos vivendo. Essas dicas você confere no vídeo abaixo.  

Terceira Idade

Saúde Mental na terceira idade 

Foto: Noelle Otto em Pexels

O envelhecimento da população mundial tem se tornado uma questão cada vez mais oculta na medida em que tem impacto direto na situação socioeconômica e política dos países ao redor do mundo.

Quando envolvemos o problema da saúde mental nesse cálculo, a preocupação com essa parcela da população não aparenta diminuir, visto que por uma série de motivos essas complicações não teriam parado de crescer.

A Organização Mundial da Saúde, por exemplo, exalta essa situação e recorre a medidas globais para que se mude a qualidade de vida dos idosos. O Japão, como se sabe, seria outra referência mundial desse tipo de esforço.

Os mais velhos têm uma importância tremenda em contextos de todas as naturezas, sejam eles familiares, regionais, nacionais ou internacionais, e sendo assim, pensa-se na necessidade de se refletir sobre a situação de sua saúde mental. 

 

Durante a pandemia do novo coronavírus, 36% dos idosos brasileiros que ainda trabalham ficaram sem rendimentos ou tiveram grande diminuição na renda. De acordo com uma Pesquisa de Comportamentos, coordenada pela Fiocruz, entre aqueles que não possuem vínculo empregatício, esse número sobe para 55%. Estas são algumas conclusões da Covid-19 - Pesquisa de Comportamentos, coordenada pela Fiocruz, que tem buscado investigar como a Covid-19 tem afetado a vida dos brasileiros. 

 

Os cientistas indicam, por exemplo, como é alto o percentual de idosos que tinham trabalhos remunerados antes da pandemia: 52,3%. “Assim, não seria correto afirmar que os idosos representam uma população dependente. O último censo já havia apontado que os rendimentos de pessoas com mais de 60 anos são essenciais para cerca da metade da renda dos domicílios brasileiros”, alerta Dalia Romero, coordenadora do Gise e integrante da equipe da pesquisa Covid-19.  

 

Em geral, a segurança social diminui com a idade: 42% dos idosos trabalham sem vínculo empregatício. Entre as mulheres a desvantagem é maior: 49%, ou seja, uma a cada duas idosas que trabalha não tem vínculo formal. Entre os homens, o percentual é de 37%. 

 

“Os idosos não apenas sofrem maior risco perante a Covid-19 em si, como também pelo enfraquecimento da segurança social na fase de vida em que mais precisam de proteção. O impacto negativo da epidemia na renda domiciliar afetará ainda a alta proporção de domicílios que dependem da força de trabalho dos idosos”, explica a pesquisadora. 

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Fatores de risco para a saúde mental do idoso

Parando um pouco para pensar, logo se consegue perceber que os riscos de se desenvolver algum tipo de problema ou dificuldade vinculada à saúde mental existem em qualquer momento da vida.

Apesar disso, pessoas em estado de envelhecimento parecem ficar um pouco mais vulneráveis a elas.

Acontecimentos como a perda de entes queridos e o declínio de suas habilidades funcionais normalmente agem negativamente na vida dos idosos, de forma a aumentar, por exemplo, sua solidão e seus níveis de estresse. A saúde física também teria um grande impacto sobre a saúde mental individual dos mais velhos. As dores crônicas, por exemplo, poderiam ser um reflexo disso.

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Foto: Pixabay

A pandemia inscreveu a finitude no imaginário das pessoas, e, de forma mais enfática, nos idosos. Novas rotinas foram instituídas no interior das famílias a partir da possibilidade de contaminação e morte dos mesmos e esse tema passou a habitar as conversas e mídias sociais. O idoso também teve que lidar com uma tecnologia que não é fácil e habitual.

O confronto com a morte anunciada despertou as lembranças de perdas do passado, visto que o envelhecimento é atravessado por lutos familiares. Esses lutos, associados à uma rotina mais limitada, geraram quadros de ansiedade, estresse e depressão. Esses sujeitos não conseguiram metabolizar tantos afetos que o invadiram subitamente. Os cuidados muito focalizados com a saúde física acabam por desprestigiar o fator emocional que demanda tempo e escuta por parte do cuidador. Mas existe também um grande problema na nossa realidade, é que o cuidador muitas vezes é um outro idoso igualmente vulnerável.

Sabemos que alguns fatores predispõem maior sofrimento psíquico ao idoso: a vivência de uma doença crônica em estado avançado, falta de rede de apoio, acesso precário à assistência da saúde, dor, morte recente de familiares, especialmente do cônjuge, falta de sentido na vida, conflitos familiares e falta de condições de moradia.

No que diz respeito a saúde mental do idoso, podemos ressaltar que a pandemia só agilizou antigos problemas relacionados a velhice e que merecem uma grande discussão da sociedade. A projeção sociodemográfica do mundo está mudando e teremos daqui a vinte anos um país mais envelhecido e sem repertório para abrigar essa nova face, menos jovem.

  • Depressão

A depressão, como todos sabem, pode causar grande sofrimento e levar a alterações negativas nas atividades do dia-a-dia.

Dentro do grupo daqueles com mais de 60 anos, tem-se que 7% das pessoas se enquadram no quadro depressivo, sendo este um número bastante impressionante.

Ao redor do mundo, sabe-se que a depressão em idosos normalmente passa despercebida e por isso, pouco tratada na saúde primária.

Os sintomas são recorrentemente negligenciados ou não vistos, dado que ocorrem ao mesmo tempo em que outros problemas, remanescendo não tratados.

É importante saber que pessoas consideradas idosas em estados de depressão possuem um funcionamento cognitivo pior que aquelas a lidar com hipertensão, diabetes, problemas no pulmão, entre outros exemplos.

A prevenção junto do acompanhamento e da observação das experiências, dos comportamentos e das necessidades dos idosos é algo essencial para que se erradique esse mal que tanto os afeta silenciosamente.

 

  • Demência                      

A demência é um tipo de síndrome, normalmente crônica ou de natureza progressiva, em que perda de memória, da capacidade de pensar, de se comportar e mesmo de realizar atividades que antes eram consideradas comuns acabam ocorrendo.

Mesmo sabendo que esta afeta principalmente pessoas idosas, a demência não é considerada um elemento comum do envelhecimento, pelo contrário, podendo ser retardada ou prevenida de acordo com as atividades praticadas pelo idoso.

Estima-se hoje pela OMS que cerca de 50 milhões de pessoas pelo mundo vivem com demência. Além disso, que em 2030 serão 82 milhões e em 2050, 152 milhões.

A falta de informação e difusão a respeito da demência se faz presente no mundo todo e o que se supõe é que a causa disso esteja vinculada a questões burocráticas e econômicas. Mais uma vez tem-se a questão financeira se sobrepondo a uma conscientização tão importante.

A depressão e a demência entre os mais velhos como problemas de saúde pública

O que fazer? – Tratamentos e estratégias para melhorar a saúde mental do idoso segundo a OMS

É importante preparar os profissionais da saúde e as sociedades para atender às necessidades específicas das populações mais velhas de forma a tê-los como as figuras centrais dos tratamentos, incluindo:

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A pandemia de 2020 trouxe um novo olhar sobre a saúde mental dos idosos, o que, muitas vezes era ignorado. O isolamento, o medo, a solidão, contribuíram para que muitos idosos enfrentam a depressão, ansiedade e pânico.

A pandemia e os três irmãos

No caso dos irmãos Maria Moraes, Antônio César e João Esperendeus, cada um lidou de uma forma diferente com todo esse caos. Nascidos em Governador Valadares, Antônio César e João, vieram para o Distrito Federal entre as décadas de 60 e 70, Maria, porém, continuou em Governador Valadares. 

 

Para Maria, 72 anos, a pandemia mudou completamente sua rotina, teve que se afastar dos familiares e amigos e abandonar toda uma rotina. Morando sozinha, durante os primeiros meses de isolamento, sentiu-se mais solitária, mas por se considerar uma pessoa muito ativa, tentou levar numa boa, ocupando sua cabeça com trabalhos artesanais e mantendo contato com a família por vídeo chamadas.

 

Antônio César, 70 anos, mora com sua esposa e sua filha caçula, sentiu a pandemia de outra forma, como, mesmo não se sentindo solitário, sentiu-se ansioso por não poder sair de casa, ver amigos e com medo de uma doença que pouco sabia. Em 2020, Antônio completou 70, sua esposa e filhos fizeram uma festa, em casa mesmo, para comemorar, seus familiares e amigos puderam acompanhar através de vídeos e fotos em redes sociais. A maior queixa de Antônio é não poder sair de casa, ter que parar com suas caminhadas após as refeições, a missa que acompanhava todos os sábados a noite e visitar amigos e familiares.

 

João foi o que mais sentiu com essa pandemia. A ansiedade aumentou muito, sentia-se “preso” em casa. Atualmente mora com a filha mais velha, o marido e as filhas, adolescentes. Mesmo assim, João se sente muito solitário.

 

Os três não acreditavam muito que essa doença iria durar tanto assim, mas como se tratava de uma “doença que mata idosos”, como eles mesmo citaram, passaram a ter medo. No começo acharam que se tratava de uma espécie de histeria, exagero da mídia. Assim como também não acreditavam muito em doenças mentais, acham que tudo era exagero. Ansiedade era dor de cabeça, depressão era associada a uma espécie de estresse ou mau humor. Todos eles refletiram bastante nesse período de isolamento, levando mais a sério a vulnerabilidade de idosos a doenças mentais.

 

No final de setembro, Maria esteve em Brasília, por duas semanas, visitando seus irmãos. Nesse período, o irmão mais velho, José Geraldo, de 75 anos, contraiu Covid e não pode participar das entrevistas. Alguns dias depois de retornar à Governador Valadares, Maria também pegou a doença e em Brasília, Antônio César também.

 

Antônio ficou em isolamento em casa por 15 dias, em um quarto separado, durante esses dias, evitou ao máximo contato com sua esposa e filhos, que o ajudavam. Fez todo o acompanhamento pelo SUS e hoje sente-se muito bem e entrou para o quadro de recuperados pela Covid. José Geraldo e Maria também se recuperaram. Embora a doença tenha deixando algumas sequelas, como fadiga, dores de cabeça, enjoos, os três passam bem. João fez o exame e deu negativo, mas contribuiu para que se cuidasse ainda mais.

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Foto: Arquivo pessoal. Da esquerda para direita: Maria, Antônio e João

Suicídio

Suicídio: um problema de saúde pública e uma das principais causas de mortes no mundo

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Foto: Umberto Shaw em Pexels

Nas últimas décadas, observa-se o crescimento ininterrupto dos casos de suicídio no mundo inteiro. Os números são especialmente preocupantes entre jovens. Em um período de 28 anos, houve um aumento de 30% nos casos de suicídio, taxa maior do que a média das outras faixas etárias.

 

A cada 40 segundos, há notificações de suicídio no mundo. A cada 46 minutos no Brasil, um indivíduo tira a própria vida. Segundo o Ministério da Saúde, o perfil das vítimas de suicídio no Brasil são em sua maioria homens negros entre 10 e 29 anos.

Segundo o psiquiatra Neury Botega, em entrevista ao Ministério Público do Paraná, para a reportagem sobre suicídio entre os jovens, a taxa cresce por uma conjunção de fatores. "A sociedade está cada vez menos solidária, o jovem não tem mais uma rede de apoio. Além disso, é desiludido em relação aos ideais que outras gerações tiveram". 

De acordo com a OMS, uma pessoa comete suicídio a cada quarenta segundos no mundo, o que corresponde a aproximadamente de 800 mil mortes por suicídio por ano. “Um sério problema de saúde pública global”, segundo a organização. 

Em entrevista, a psicóloga Bárbara Nery relata que o crescimento do número de casos de suicídio entre jovens é alarmante. “Porém a morte por suicídio é morte evitável e, para tanto, é imprescindível informação sobre o tema. Campanhas responsáveis de orientação e esclarecimentos são necessárias. É crucial a implantação de um programa nacional de vigilância ao comportamento suicida e falta compromisso das autoridades de saúde para ações eficazes quanto à prevenção”, completou Bárbara.


Para a OMS, o tabu em torno deste tipo de morte impede que famílias e governos abordem a questão abertamente e de forma eficaz.

Aumentar a conscientização e quebrar o tabu é uma das chaves para alguns países progredirem na luta contra esse tipo de morte.

Organização Mundial da Saúde 
RELATÓRIO PUBLICADO EM 2012

O relátorio da OMS aponta que os homens cometem mais suicídio que as mulheres. Em países de primeiro mundo, a quantidade de mortalidade de homens é três vezes maior que a de óbitos envolvendo as mulheres. Além disso, o estudo ainda mostra que nos países ricos, a causa de morte envolve questões relacionadas abuso de álcool e depressão e nos países mais pobres, as causas estão relacionadas a pressão e o estresse por problemas socioeconômicos.

 

“Muitos casos envolvem ainda pessoas que tentam superar traumas vividos durante conflitos bélicos, desastres naturais, violência física ou mental, abuso ou isolamento”, afirmou a psicóloga Bárbara Nery.

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Brasil está em 8° lugar no ranking de suicídios no mundo

 

Das 27 Unidades Federativas brasileiras o Rio Grande do Sul lidera o ranking de maior taxa de suicídio no Brasil.  Relatório da OMS aponta que o Brasil é o oitavo país com o maior número de casos de suicídio, com mais 11 mil registros anualmente. Esse total já ultrapassa os casos de mortes decorrentes de doenças como o HIV e, entre os idosos, esses dados crescem constantemente.

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Os dados mostram que os números de casos de suicídio no Brasil não se relacionam com a renda per capta de cada Estado, uma vez que os três Estados considerados desenvolvidos lideram o ranking de casos de suicídio; são eles: Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e  Santa Catarina. E Estados como Pará e Maranhão, que possuem uma das piores rendas per captas do Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estão no final da fila dos casos de suicídio.

Se analisarmos os índices de súcídio por gênero, os homens lideram em absoluto o número de casos. De acordo com a psicóloga Bárbara Nery um dos motivos para este  quadro é pelo fato dos homens geralmente utilizarem métodos mais eficazes que as mulheres.

Não existe idade certa para o problema, qualquer pessoa pode passar por isso

VIDA PROFISSIONAL
ISOLAMENTO SOCIAL
SEGUNDA PANDEMIA?

Segundo a psicóloga Barbara Nery pessoas de todas as idades estão propensas a ter pensamentos suicidas. “Temos uma taxa muito alta de suicídio entre jovens, mas os números têm aumentado entre os idosos e existem crianças que relatam ter pensamentos suicidas e isso deve ser tratado como um problema de saúde pública no Brasil”.

No Brasil ainda não foram realizados estudos sobre pensamentos suicidas com crianças, mas nos Estados Unidos foi feita uma pesquisa com 8 mil crianças entre 9 e 10 anos, publicado no periódico científico Lancet Psychiatry, que revelou que 8% das crianças já relata ter pensamentos suicidas, enquanto 2% afirmam ter tentado tirar a própria vida.  

Casos de suicídio por Faixa etária

 

  • Na faixa etária de 11 a 19 anos

A maioria dos casos decorre de morte por enforcamento, estrangulamento ou sufocação (63,2% entre homens e 42,8% entre mulheres), disparo de arma de fogo (21,4% entre homens e 9,2% entre mulheres) e pesticidas (17,6% entre mulheres e 3,3% entre homens).

 

Em comparação com as outras faixas etárias, o uso de pesticidas, outros produtos químicos e substâncias nocivas (7,3% entre mulheres e 2,3% entre homens) e outras drogas, medicamentos e substâncias biológicas (5,7% entre mulheres 0,2% entre homens) aparecem como métodos de suicídio em destaque.

 

  • Na faixa etária de 20 a 59 anos

A maioria dos casos decorre de morte por enforcamento, estrangulamento ou sufocação (59,7% entre homens e 40,4% entre mulheres), disparo de arma de fogo (16,6% entre homens e 9,5% entre mulheres) e pesticidas (12,1% entre mulheres e 5,6% entre homens).

  • Na faixa etária de 60 anos e mais

A maioria dos casos decorre de morte por enforcamento, estrangulamento ou sufocação (59,7% entre homens e 40,4% entre mulheres), disparo de arma de fogo (16,6% entre homens e 9,5% entre mulheres) e pesticidas (12,1% entre mulheres e 5,6% entre homens).

 

Em comparação com as outras faixas etárias, a precipitação de um lugar elevado (7,7% entre mulheres e 2,8% entre homens) e uso de fumaça, fogo e chamas (7,7% entre mulheres e 1,1% entre homens) aparecem como métodos de suicídio em destaque.

Como proteger seu filho de pensamentos suicidas

Não foram feitos levantamentos acerca do assunto no Brasil, porém “os pais ou familiares precisam estar atentos a alguns sinais que crianças podem apresentar e trabalhar para anular esses pensamentos suicidas”, afirma a psicóloga Bárbara Nery. 

Estudos feitos nos Estados Unidos apontam que crianças que consideram suicídio tendem a crer que suas mães são menos carinhosas e mais superprotetoras do que os jovens mentalmente saudáveis. 

O conflito direto entre a criança e os pais costuma ter maior impacto na saúde mental das crianças, seguido pela má comunicação com os genitores. Além disso os relacionamentos na escola podem influenciar muito a saúde psicológica. 

A diretora da Centro de Ensino Fundamental do Riacho Fundo, Maria Amélia, alegou que muitos pais deixam a educação dos filhos totalmente por conta da escola, o que considera um grande erro. “Muitos dos pais de adolescentes e até mesmo das crianças não se envolvem com a aprendizagem dos filhos na escola, sem se importar em como está sendo a vida do filho, o que os deixa muito vulneráveis; eles se sentem sem a proteção dos pais, o que causa inúmeros transtornos nessas crianças”, afirma a diretora.

Como sugestão para os pais, os pesquisadores responsáveis pelo estudo apresentam a necessidade de supervisão da criança e envolvimento com a vida escola de seu filho. Outra indicação é a prática de esportes dentro da escola: de acordo com estudo mais antigos, os jovens envolvidos com esse tipo de atividade física relatam taxas muito menores de pensamentos suicidas.

Confira alguns dos sinais dados pelas crianças e aos quais os pais devem ficar atentos:

  • Mudanças de humor repentinas 

  • Isolamento de família e amigos 

  • Sono excessivo 

  • Alteração nos hábitos alimentares 

  • Sofrimento de bullying

Segundo os pesquisadores, é muito importante que o jovem sinta que seus pais estão ao seu lado, escutando-o e comunicando-se com ele. 

Está comprovado: pais depressivos podem influenciar os filhos a serem também, segundo estudo recente da Universidade de Columbia, em Nova York (EUA), publicado no Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry. 

Os pesquisadores analisaram imagens de ressonância magnética de mais de 7.000 crianças com 9 e 10 anos. Cerca de 1/3 delas tinham pais com depressão. Nesses casos, uma estrutura cerebral chamada putâmen — localizada na base da parte frontal do cérebro e está ligada a recompensa, motivação e experiência de prazer — era menor do que em crianças com pais sem histórico depressão.

A pesquisa apontou então que filhos de pais com depressão têm de duas a três vezes mais chances de desenvolver transtorno depressivo do que filhos sem histórico de pais depressivos. Os pesquisadores ressaltaram, no entanto, que os mecanismos cerebrais por trás desse risco familiar ainda são incertos. 

O líder do estudo, David Pagliaccio, professor assistente de neurobiologia clínica, disse que “entender as diferenças nos cérebros de crianças com riscos familiares pode ajudar a identificar aquelas com maiores chances de desenvolver depressão e levar a um tratamento mais efetivo.”

Fique atento aos conteúdos que seu filho tem acesso na internet! 

 

Os pais de crianças e adolescentes devem ficar atentos aos conteúdos do YouTube Kids. Mesmo sendo um espaço feito para as crianças existem perfis que podem causar transtornos em crianças que têm acesso a esse conteúdo. Recentemente a figura bizarra da Momo, uma espécie de boneca demônio, tem aparecido em vídeos da plataforma do Google. Segundo relatos na internet, a boneca surge em filmagens de slimes e até mesmo em desenhos animados. Na mensagem, a personagem ensina, passo a passo, como as crianças devem fazer para se matar cortando os pulsos. 

Outra figura absurda é Jonathan Galindo, o responsável por um perfil nas redes sociais que promove desafios de auto-mutilação entre crianças. Nos vídeos, Jonathan aparece caracterizado como uma figura que se assemelha ao personagem animado Pateta. O ícone infantil da Disney é utilizado, no entanto, para fazer ameaças e induzir as crianças ao suicídio. 

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As autoridades alertam os pais sobre a importância de ficar atento ao comportamento das crianças, já que, em geral, os suspeitos pedem para elas apagar as mensagens e não deixar rastro.

Por meio da assessoria de imprensa, o Google orienta os pais a denunciem esse tipo de conteúdo. “Por isso é tão importante que fiquemos de olho em tudo que nossos filhos assistem”, alertou a psicóloga Bárbara Nery. 

 

Como perceber se tenho algum familiar ou amigo pode estar tendo pensamento suicidas?

 

A psicóloga Karen Scavacini, cofundadora do Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio, afirma que além dos sinais diretos que a pessoa emite quando tem a intenção de se matar – falar explicitamente que quer morrer, por exemplo – alguns sinais indiretos também podem ser percebidos.

 

“A pessoa começa a se despedir de parentes e amigos, pode apresentar muita irritabilidade, sentimento de culpa, choros frequentes. Também pode começar a colocar as coisas em ordem e ter uma aparente melhora de um quadro depressivo grave, de uma hora para outra. Muitas vezes, isso significa que já se decidiu pelo suicídio, por isso fica mais tranquila. É a falsa calmaria”, diz. 

 

Estratégias preventivas contra o problema precisam ser aprimoradas 

“Toda morte é uma tragédia para a família, os amigos e os colegas. Ainda assim suicídios são preveníveis. Mas é imprescindível que todos os países incorporem de forma sustentável estratégias eficazes de prevenção de suicídio nos programas nacionais de educação e saúde”, disse Tedros Adhanom, Diretor geral da OMS, em entrevista à revista VEJA.

A maioria das pessoas que cometem suicídio sofrem de transtornos mentais, principalmente os jovens, cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de drogas. Também são fatores de risco para o suicídio situações como desemprego, sensações de vergonha, desonra, desilusões amorosas, além de antecedentes de doenças mentais.

Mas a notícia mais impactante é: a OMS também afirma que o suicídio tem prevenção em 90% dos casos porém para prevenir é necessário informação e conhecimento. O que faltam são investimentos do governo em mais ações de prevenção.

O que tem sido feito para reduzir as taxas de suicídio?

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Foto: Lalesh Aldarwish em Pexels

Em setembro de 2017, o Ministério da Saúde lançou o Boletim Epidemiológico 2017 e a Agenda de Ações Estratégicas para a Vigilância e Prevenção do Suicídio e Promoção da Saúde no Brasil 2017-2020.

Em outubro de 2017, o Ministério da Saúde elaborou a cartilha Suicídio. Saber, agir e prevenir para orientar jornalistas na divulgação e abordagem de casos de suicídio, Algumas das dicas são: não divulgar detalhes sobre como o suicida se matou, evitar a palavra suicídio em manchetes e chamadas, assim como termos valorativos, como “cometeu” suicídio. 

O Brasil está entre os países que assinou o Plano de Ação em Saúde Mental 2015-2020 lançado pela Organização Pan-Americana da Saúde com objetivo de acompanhar o número anual de mortes e o desenvolvimento de programas de prevenção; a redução da taxa de mortalidade faz parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030.

Curiosidade

Sucesso e fama não são sinônimos de felicidade

Famosos que estão com suas carreiras no cenário hollywoodiano em alta, mas que lutam contra depressão, ansiedade e vícios contra o álcool e drogas. Alguns dos famosos que se suicidaram acreditando que perderam a batalha são: Heath Ledger, Marilyn Monroe, Kurt Cobain, Lucy Gordon, Alexander McQueen e Anna Nicole Smith. 

Um dos casos mais chocantes de famosos que se suicidaram é o de Kurt Cobain (1967 - 1994), líder da banda de rock Nirvana que cometeu suicídio com um tiro na cabeça em 5 de abril de 1994, quando tinha apenas 27 anos. O relatório do Departamento de Polícia de Seattle declarou que Kurt Cobain foi encontrado com uma espingarda ao lado do seu corpo, que ele tinha um ferimento vísivel na cabeça e que havia uma nota de suicídio descoberta próxima a ele. O músico sofria depressão profunda e era usuário assíduo de drogas pesadas, entre elas a heroína.

Depressão

Depressão:

a doença invisível

É uma doença invisível e silenciosa que não dá nenhum aviso, e que afeta o estado de humor da pessoa, nos fazendo acreditar que é só um estresse, uma dor de cabeça, cansaço, mau humor e deixando-a com um nível anormal de tristeza. Homens e mulheres, desde a infância até a velhice, estão suscetíveis a esta doença, mas as mulheres são duas vezes mais afetadas que os homens.

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Foto: Daniel Reche em Pexels

O isolamento, o desânimo e o desinteresse por questões importantes como o emprego, a saúde e a família, fazem com que a pessoa com depressão seja vista como ''acomodada”, “preguiçosa'', como alguém cheio de “frescuras’’. Isso faz com que a pessoa desacredite mais e queira cada vez mais criar um mundo só pra si, onde tudo fica melhor e que não precisa se relacionar com ninguém.

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A timidez é algo que vai crescendo cada vez mais, e sua defesa para isso é a raiva. A pessoa se sente incompreendida por sua família e amigos, o que a faz sentir mais perdida por não entender direito o que está acontecendo. Milhares de pessoas no mundo sofrem de depressão, ansiedade, fobia social, pânico, medo, entre tantos outros fatores. Na grande maioria das vezes, é considerado apenas um estresse e que logo vai passar, mas não passa. As pessoas enfrentam isso todos os dias, e cada um lida de um jeito diferente. Não é fácil, mas um dia de cada vez é possível.

 

De acordo com dados da OMS, a quantidade de casos de depressão aumentou 18% em dez anos. Estamos vivendo a era da incapacidade, da tristeza, onde os ânimos estão sendo diminuídos por aqueles que são afetados diretamente por esta doença. Ainda de acordo com a OMS, o Brasil é campeão de casos de depressão na América Latina. Quase 6% da população sofre de depressão, sendo 11,5 milhões de pessoas.

A depressão é uma das principais doenças que afetam adolescentes no mundo, além disso, é o fator responsável por  causa  de morte entre os 15 e os 19 anos. Informações retiradas da Agência FAPESP mostram que o Brasil possui mais de 10,3 milhões de pessoas com menos de 19 anos com depressão.

Depressão e o novo coronavírus, dois inimigos invisíveis

Estudos realizados em parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a  Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), durante a pandemia da Covid-19, mostram que de 45.161 brasileiros que foram entrevistados, 41,5% disseram que a depressão piorou um pouco durante a pandemia e 4,8% afirmaram que piorou muito. Além disso, 43% das mulheres e 26,2% dos homens entrevistados relataram sentir muita tristeza durante o isolamento social. Do total, 50% das mulheres relataram se sentir deprimidas e tristes, assim é possível perceber que as mulheres estão propícias a ter seu emocional abalado. 

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Foto: Nandhu Kumar em Pexels

Em entrevista, a psiquiatra Maria Cecília Freitas afirmou que a pandemia impactou a sociedade e todos os indivíduos em diversas esferas. De acordo com ela, primeiramente, houve um grande impacto em todos os setores. O desemprego ou a diminuição da renda são fatores ligados ao surgimento de sintomas depressivos e ansiosos, devido à incerteza e ao medo de não conseguir arcar com as responsabilidades mensais e necessidade dos familiares. 

Além disso, foi necessário promover o isolamento social para diminuir a propagação do vírus e o número de casos.  A procura por ajuda aumentou tanto que ela comentou que a sua agenda para atendimentos para 2020 está com todos os horários preenchidos, falou também da dificuldade do paciente em aceitar a doença e tomar os medicamentos. 

Como lidar com a depressão

A melhor forma de lidar com a depressão é aceitando a doença. Isso ajuda a lidar melhor com ela. 

  • Mude de escolhas, faça faculdade e faça amigos novos.                                                                     

  • Ajude alguém, mesmo que seja um idoso a atravessar a rua; tente se reinventar todos os dias;                                                                        

  • Dance com músicas animadas; vá ao seu restaurante favorito; faça atividades físicas; assista a filmes de comédia; tenha em sua volta pessoas positivas e gatilhos positivos;

  •  Pense sobre algo que te faça feliz;            

  •  Faça tarefas simples, como limpar o seu quarto, jogar o lixo fora, arrumar sua cama, passear com o cachorro, escovar os dentes, tomar banho; 

  • Compartilhe suas emoções com alguém que confie; durma bem.

Como procurar ajuda

  • Converse com alguém de confiança, preferencialmente alguém da família ou um amigo próximo.

  • Procure um psiquiatra (médico com foco em transtornos mentais) para que ele diagnostique o problema e sua severidade e, então, recomende os tratamentos mais adequados para o caso.

A depressão é uma doença invisível, é necessário estar atento aos sintomas, se os sintomas progredirem, é necessário pedir socorro. Ela é um transtorno e pode ter amenizada e até curada. Alguns dias serão melhores que outros, mas há esperança, a depressão não é o fim.​​

Um dia de cada vez

Um dia de cada vez

Não é fácil conviver com uma doença que te deixa triste de uma hora pra outra, sem nenhum motivo. Não é fácil sentir medo, insegurança, pânico ao sair de casa. Não conseguir conversar com as pessoas mais próximas, não conseguir entender o que se passa na própria mente. Na verdade, é tudo muito assustador. Muitas pessoas acabam desistindo de procurar ajuda por receio de rejeição, preconceito ou até por ser caro demais. E acabam vivendo com uma espécie de bomba relógio dentro de si. “Eu tinha muito medo de ficar sozinha, por isso, acabava aceitando vários abusos psicológicos numa relação. Achava que se eu não aceitasse acabaria ficando sozinha”, relata Flávia Ferreira , 25 anos.

 

Durante 5 meses, Flávia esteve em um relacionamento abusivo, onde era constantemente criticada por suas roupas, atitudes, com quem conversava. No começo achava normal e até "bonitinho" o ciúmes de seu parceiro. Chegou até largar o emprego de recepcionista em uma clínica odontológica por pressão dele. Não tinha liberdade no relacionamento para ser quem ela era, por isso acabava se moldando para agradar a ele. 

Quando de fato acabou, fiquei muito mal, quase não saía mais de casa, me afastei de amigos e familiares, cheguei ao fundo do poço, não me reconhecia mais, foi quando decidi procurar ajuda. Comecei com a terapia, depois fui para o psiquiatra. Hoje faço terapia em grupo, tenho um relacionamento muito saudável comigo mesma.

Não tomo mais remédios, mas sei a importância deles em todo o processo.

Flávia Ferreira, 25 anos 
 

Flávia teve muito apoio, mas a força de vontade de procurar ajuda partiu dela. Infelizmente, muitas pessoas ainda sofrem caladas com isso, sem forças para buscar ajuda, com medo de sofrer preconceito, então preferem continuar vivendo com aqueles sentimentos para si, como uma sombra que não as deixam viver suas vidas. Muitas vezes, é necessário um ato de compaixão daqueles que vivem ao redor, para salientar que ela não está só, que aqueles sentimentos podem diminuir e até mesmo ir embora. 

 

Ocasionalmente, uma simples tarefa, como levantar da cama, parece algo impossível. Levantar, lavar o rosto, ter que se olhar no espelho, torna-se doloroso. Para a estudante de artes plásticas, Amanda Machado, 22 anos, era assim. Desde a adolescência Amanda sofria com transtornos alimentares, se achava feia, solitária, com isso, passou a se machucar.

 

"As vezes eu ficava até uma semana sem comer, cheguei a pesar 37 kg, sentia raiva de mim mesma. Me cortar era um alívio. Mas nunca era o suficiente. Aos 17 anos, decidi conversar com minha mãe e minha irmã, elas me ajudaram a procurar ajuda profissional. Eu odiava as sessões de terapia! Era uma mulher me incentivando a me olhar no espelho e dizer o que eu via. Eu só via uma pessoa fracassada, sem futuro. Todos os dias ela me perguntava se eu havia me olhado no espelho. Achava aquilo uma perda de tempo. Mas não. Quando finalmente me olhei no espelho, senti medo, mas muita coragem. Minha terapeuta me ensinou a viver um dia de cada vez, deixar pra lá os 'mas' e os 'e se'. Foi muito difícil, mas aprendi a parar de viver no passado ou no futuro e a curtir o presente.”

 

As vezes eu ficava até uma semana sem comer, cheguei a pesar 37 kg, sentia raiva de mim mesma. Me cortar era um alívio. Mas nunca era o suficiente. Aos 17 anos, decidi conversar com minha mãe e minha irmã, elas me ajudaram a procurar ajuda profissional. Eu odiava as sessões de terapia! Era uma mulher me incentivando a me olhar no espelho e dizer o que eu via. Eu só via uma pessoa fracassada, sem futuro. Todos os dias ela me perguntava se eu havia me olhado no espelho. Achava aquilo uma perda de tempo. Mas não. Quando finalmente me olhei no espelho, senti medo, mas muita coragem. Minha terapeuta me ensinou a viver um dia de cada vez, deixar pra lá os 'mas' e os 'e se'. Foi muito difícil, mas aprendi a parar de viver no passado ou no futuro e a curtir o presente.

Amanda Machado, 22 anos
 

E assim como a Amanda, existem diversas pessoas que sofrem em silêncio por muito tempo, não conseguem ter forças para continuar, a dor se torna confortável, lutar contra ela parece algo impossível. Mas não é, existe esperança para aqueles que ainda que com 1% de força conseguem se levantar, e de pouquinho em pouquinho, um dia de cada vez, vai se tornando mais leve, a vida vai ganhando cor novamente. Aquilo que aparentemente era impossível, se torna possível aos olhos, e um leve toque de alegria ressurge.

 

O ato de desabafar, tirar para fora aquilo que está sendo guardado há muito tempo, que foram simplesmente engolidos, é extremamente necessário. Seja através de um amigo, um familiar, um caderno e uma caneta ou de um profissional especializado. O psicólogo está ali para te ouvir, ele não está lá para te julgar, para dizer que é certo ou errado, mas para te ajudar a se levantar, a erguer a cabeça, a viver a vida! Desabafar é como tirar uma pedra enorme de suas costas, o psicólogo e o psiquiatra são como o remédio que irá ajudar a cicatrizar as feridas.  

 

SOS Ajuda

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A Secretaria de Saúde do DF oferece centros de ajuda emocional e psicológica, como por exemplo, Adolescentro e o Centro de Orientação Médico-Psicopedagógica (COMPP), que atuam de forma gratuita para atender a população. Existe também a Associação Brasiliense de Psicodrama e Sociodrama (ADP), que oferece psicoterapia com preços populares.

Na ABP, descobri uma nova forma para encarar meus medos e ansiedade, com preços que eu podia pagar. Hoje me sinto mais forte e disposto para lutar e enfrentar o medo e a insegurança. Procurar ajuda é muito importante, mas mais importante é aceitar que você precisa de ajuda. 

Christian Sousa, 33 anos
 

A futura psicóloga Maria Luiza Oliveira, relatou que na UDF, universidade em que faz psicologia, existem atendimentos psicológicos e emocionais para os alunos da instituição. “Vemos no contexto educacional uma pressão extrema, e várias outras características que prejudicam a saúde mental dos estudantes. Sem a ajuda, o ambiente educacional poderia se tornar completamente adoecido”. Além dos atendimentos para os alunos, a UDF oferece para a comunidade ajuda psicológica através dos profissionais do curso de psicologia. O DF também conta com outros centros psicológicos gratuitos nas instituições de ensino superior, como UnB, Uniceub, Iesb, entre outras. 

 

Existe também o Centro de Valorização à Vida (CVV), que oferece ajuda e apoio emocional através de atendimento pelo telefone 188 de forma gratuita e 24 horas por dia, pelo site, podendo ser por chat ou email, e também pessoalmente através dos postos de atendimentos. As ligações são feitas de forma anônima e sigilosa, e assim, não há julgamentos, estereótipos, e sim formas de ajudar, desabafar. 

 

Às vezes, por medo muitas pessoas se calam, se escondem em suas emoções e o CVV é uma grande possibilidade de socorro.  

 

Não é fácil sair da zona onde a pessoa se encontra, presa dentro de si, principalmente quando já está lá há muito tempo, mas assim como o Christian ressaltou, é importante aceitar a necessidade de uma ajuda. De que sozinho, não é possível conseguir, mas uma mão estendida faz total diferença.

 

Não existe uma fórmula secreta ou uma pílula da felicidade, seria muito bom, mas não é assim que funciona. Porém, isso não quer dizer que se está condenado a viver numa escuridão sem fim. Existem infinitas alternativas. A psicóloga Alessandra Matos diz que é preciso se permitir, comemorar até mesmo as pequenas conquistas, pois elas são grandes vitórias, um passo de cada vez, um dia de cada vez, é possível vencer.

 

A vida é maior que a dor, o sofrimento pode ser passageiro, permita se curar, abrir as janelas para a luz entrar. Ainda há esperança, não é o fim, é um obstáculo que pode ser passado, quebrado. Acredite que o tempo está ao seu favor, cada dia é uma vitória.

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